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La estarei
Lá estarei!
Algumas curiosidades sobre a Carne de Porco Alentejana.
Tal como aqui está escrito, o que é alentejano é a carne de porco. Como vamos ver está muitíssimo bem escrito.
Carne de porco à alentejana (como se diz erradamente) ou carne de porco com amêijoas é um prato típico da culinária de Portugal, com origem no Algarve. O primeiro nome é o mais comum por todo o Portugal, constituindo o segundo a designação usada no próprio Alentejo. Para se ser mais rigoroso dever-se-ia escrever como se faz aqui no site. Os cozinheiros Algarvios deram este nome ao prato para indicar que a carne usada era de porco do Alentejo (com uma carne mais saborosa, porque os porcos comiam bolotas de sobreiro), e não com carne de porco do Algarve, que eram alimentados com restos de peixe.
Como no Algarve o porco era alimentado por miudezas de peixe, o seu sabor era estranho quando servido à mesa. Alguém teve então a ideia de acrescentar ameijoas para esconder esse sabor. A novidade foi de tal modo apreciada que logo surgiu a ideia de a fazer com a melhor carne de porco alentejana e daí o seu sucesso até hoje.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carne_de_porco_%C3%A0_alentejana
Ainda a propósito da carne de porco.
Não é por capricho culinário ou mesmo religioso que as velhas civilizações mediterrânicas nunca incluíram na sua ementa a carne de porco. Como é sabido (?), em climas secos e quentes, este animal sobrevive com dificuldade e está sempre enfermiço. Todas as grandes religiões que ao longo dos séculos foram preceituando as regras de conduta destas sociedades – o judaísmo, o cristianismo primitivo e o islamismo – ritualizaram este defeso higieno-cultural, transformando o saboroso presunto em fonte de pecaminosos prazeres da gula. Com a progressão para climas mais temperados o interdito esbate-se à medida que nos afastamos da bacia mediterrânica.
Dito isto, em tempos do Islão medieval, e mesmo atualmente entre os camponeses do Magrebe, o javali, embora da mesma família suína, sempre foi objeto natural das gastronomias regionais na sua qualidade de caça grossa. Em todos os sítios arqueológicos de época islâmica, é notória a presença, embora mínima, de restos alimentares deste porco silvestre.
Com a reconquista do Alentejo e Algarve, as populações autóctones, maioritariamente muçulmanas, de artesãos e principalmente de camponeses, não partiram porque os novos senhores necessitavam de mão-de-obra para manter os seus rendimentos. Muitos, a esmagadora maioria, converteram-se rapidamente à nova religião cristã dominante, outros, de origem citadina, ficaram adstritos a mourarias onde continuaram as suas atividades artesanais e de comércio e alguns, muito poucos, de famílias aristocráticas ou ricos comerciantes, pagaram a sua viagem para outras paragens.
Os gestos e saberes tradicionais destas regiões passaram e passam sempre pelo consumo da carne de carneiro, seja sob a forma de ensopado em dias de festa, seja sobretudo na significativa comunhão masculina à volta de uma cabeça assada em que as formas de partilha denunciam a antiguidade. O consumo do porco surge tardiamente nestas regiões. A partir do século XVI a Inquisição reconhecia como prova irrefutável da falsa conversão de mouro ou judeu o facto de este não comer carne de porco. Não é portanto de admirar que a partir desta altura e para escapar à denúncia, não só toda a gente passa a assumir esta dieta como tradição familiar, como passa a fazê-lo da forma visível.
https://www.publico.pt/2001/10/04/jornal/as-invasoes-arabes-e-a-carne-de-porco-a-alentejana-162535